“A maioria das pessoas mantém lembranças positivas das residências ocupadas ao longo da vida, incluindo as que convive com pais, irmãos e avós. Em alguns casos é o mesmo lugar, com objetos que permanecem na memória, tais como móveis e outros complementos. Em ambientes considerados mais significativos geralmente são agregados elementos que tragam conforto, permanecendo com prazer por usar o espaço com a produtividade desejada.
É muito forte o vínculo que se formou entre o morador e sua residência de longo tempo, incluindo as pessoas com quem convivia. Ficam estabelecidos papéis que, nesse caso, são trocados em função do necessário cuidado e assistência que o protagonista exige, mesmo contra a sua vontade. Igualmente é evidente o desejo de manter-se pertencente àquele lugar, onde comanda as atividades que lá acontecem, mesmo considerando o carinho e a atenção dedicados pela filha que, em determinado momento decide seguir seu destino, não sem antes providenciar a solução mais segura para as dificuldades do pai.
Idosos que moram sós normalmente necessitam que a composição de móveis e objetos se mantenha pelo maior tempo possível, como garantia de que a autonomia e o gerenciamento do território pessoal continuem sob seu controle. É um modo de sentir que pertencem àquele lugar e que são capazes de manter a independência que detinham ao longo da vida. Se a desorientação e o avanço de estados demenciais já prejudicam a permanência, a moradia institucional é uma solução adequada e segura, mas sempre considerando que mudanças físicas nem sempre serão claramente percebidas, o que pode gerar algum sofrimento e exige, mais ainda, atenção e carinho com o idoso.”